Eleições 2020: como o modelo sustentável do cooperativismo pode influenciar na construção de um novo processo político?
15 de outubro de 2020 às 09:50
Este é um ano eleitoral, marcado não somente pela escolha de prefeitos, vice-prefeitos e vereadores, como também, por mudanças significativas na democracia e acessibilidade em todo País. Os eleitores de cada município devem eleger aqueles que estejam mais engajados com o desenvolvimento regional e as necessidades da população. Neste sentido, as cooperativas têm papel fundamental no processo político, já que estão fortemente presentes nas cidades, influenciando no crescimento econômico e social, gerando trabalho, emprego, renda e bem-estar.
A principal característica do cooperativismo é o trabalho mútuo em face da deficiência do Estado, seja na prestação de serviços ou na solução dos problemas sociais. Por meio das cooperativas, unem-se aqueles que visam superar os efeitos da crise e contribuir para a redução da desigualdade e sua própria evolução. Atualmente, são quase 7 mil cooperativas, que atuam em prol da melhoria da qualidade de vida no Brasil, enfrentando o desafio ganhar espaço nas políticas públicas de cada região e segmento.
Cenário Político
A representatividade da FRENCOOP – Frente Parlamentar do Cooperativismo é um avanço conquistado desde 1986, e funciona como uma estratégia de sensibilização que hoje conta com 279 membros, entre deputados e senadores. Mas, apesar de ser uma das bancadas suprapartidárias mais influentes do Congresso Nacional, o cooperativismo ainda enfrenta muitos percalços. Como estratégia para eleger candidatos que tenham o compromisso de valorizar a ação cooperativista na sociedade, colocando em pauta o empreendedorismo coletivo, a OCEPAR – Organização das Cooperativas do Paraná criou um programa de educação política.
“No último pleito, participamos decisivamente da eleição de 15 parlamentares”, declara José Roberto Ricken, presidente da OCEPAR. “Nós trabalhamos essa rede e usamos esses contatos para fazer a devolutiva. Então, acompanhamos depois cada projeto para ver se o que foi prometido pelo candidato será de fato trabalhado. Apoiamos os que nos defendem”.
Por meio do aplicativo WhatApp, pelo menos 50% dos cooperativistas trocaram informações, debateram e escolheram os seus representantes. Uma experiência que deu certo, que será repetida este ano, e pela qual, os associados às mais de 220 cooperativas do estado do Paraná se prepararão para as eleições de 2022. Hoje, cerca de 2 milhões e 500 mil paranaenses fazem parte do cooperativismo.
A atuação articulada no Congresso tem incentivado a criação de frentes parlamentares também nas Assembleias Legislativas e Câmara dos Vereadores de todo o Brasil. Diante disso, as eleições municipais deste ano deverão ser influenciadas pela força do setor cooperativista, que busca nas sessões plenárias pautas de interesse do sistema que envolvam todos os ramos: Agropecuário; Crédito; Transporte, Produção de Bens e Serviços; Saúde; Consumo e Infraestrutura.
Habitação
Em 2020, as cooperativas habitacionais passaram a integrar o ramo de infraestrutura, uma reestruturação proposta pela OCB – Organização das Cooperativas do Brasil para assegurar a intercolaboração entre os setores e realizar ações ainda mais assertivas. Em um País onde mais de 7 milhões de famílias estão desabrigadas e a superpopulação das favelas tem constante crescimento, o combate ao déficit habitacional é um grande desafio e deve ser um dos principais compromissos das próximas gestões.
Em São Paulo, a CICOM, cooperativa habitacional que há anos luta para reduzir os impactos dos problemas habitacionais no País, seja pela falta ou regularização de moradias, propõe um diálogo aberto com as lideranças para que pautas deste interesse sejam incluídas nos programas de governo. “É muito restrito hoje o apoio e o incentivo ao cooperativismo habitacional, com poucos projetos de lei voltados ao setor. Para conseguir reduzir o déficit de moradias e o número de habitações inadequadas, que somam 4,35 milhões no País, precisamos minimamente de linhas de créditos, hoje inexistentes”, analisa Carlos Massini, diretor executivo da CICOM.
A implantação de políticas públicas para a habitação depende de estudos e consciência territorial, e a efetivação dos projetos está justificada na real necessidade da sociedade. É com esse foco que a CICOM tem se orientado no processo de escolha dos candidatos, apropriando-se de uma ótica que foca naqueles que assumem seus compromissos baseados nos desajustes sociais e no desamparo da população sobre a causa, propondo soluções viáveis para a elevação da qualidade de vida.
Cooperativismo em números
De acordo com o anuário 2019 do Sistema OCB – Organização das Cooperativas do Brasil, as cooperativas geram para a economia do País movimento de:
- R$ 351,4 bilhões em ativos totais. Esse valor representa o conjunto de bens e de recursos administrados pelo cooperativismo, capazes — portanto — de gerar mais recursos para a nossa economia.
- R$ 259,9 bilhões em receita bruta acumulada pelas coops em 2018. Esse valor é superior ao PIB anual de 20 dos 26 estados brasileiros e, também, do DF.
- R$ 9 bilhões injetados pelas coops na economia, apenas com o pagamento de salários e outros benefícios destinados a colaboradores (em 2018).
- R$ 7 bilhões em tributos pagos, apenas no ano passado.
Fonte: http://www.mundocoop.com.br/